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Famílias aceitam desafio de deixar crianças desconectadas por um final de semana e relatam experiênc

Retirado de ZH

Em 03 de fevereiro de 2015 às 16:18

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Escrito por Larissa Roso

Publicado em 11/10/2014 | 16h01

Sem eletrônicos como celulares, tablets e TVs, os pequenos acreditaram que estavam de castigo. Epopeia, porém, acabou em muita brincadeira.

Antes que todos se dispersassem pela ampla casa no Morro Santa Tereza, na Capital, a professora universitária Caroline Deon pediu a atenção dos guris e das gurias que haviam acabado de chegar para passar o sábado brincando. Mãe de José Germano, nove anos, e Maria Júlia, sete, ela fez um pronunciamento informal.


– Estamos fazendo parte de um desafio. Então hoje não tem TV, não tem videogame, não tem computador, não tem celular. Hoje é só pátio.


Entre os convidados dos Deon que ouviam as instruções, um arriscou uma interpretação para o comunicado descabido:


– Mas o que é isso? É castigo?


Caroline reforçou a explicação:


– Não, não é castigo. É um desafio.


A anfitriã Maria Júlia se prontificou a ajudar:


– A gente tá meio viciado, então é para a gente acabar com essa história de viciado.


Começava ali, na semana passada, uma tarefa provavelmente custosa para Caroline e o marido, o procurador da União Vanderlei Deon, proposta por Zero Hora: entreter os pequenos com atividades “offline” durante as 48 horas do final de semana. Objetivo: o relato da empreitada ilustraria a edição do Dia das Crianças. Em outro canto da cidade, a família Buneder, com três meninos de seis e nove anos, também aceitou o convite da reportagem. Conforme o combinado, os adultos estavam liberados para a utilização de aparelhos, mas teriam de se manter vigilantes.


Ciente das regras, a turma que visitou José Germano e Maria Júlia passou o dia no quintal. Por duas vezes, os meninos pediram para jogar videogame, mas lidaram bem com a negativa.


– Tomaram um cansaço, saíram daqui pretos de sujeira. Imundos! – comemorou Caroline.


A caçula, que em um sábado rotineiro teria ido para a cama depois da meia-noite, entregou-se ao anoitecer – às 19h30min, estava dormindo. Depois da janta, José Germano tentou conseguir uma dispensa:


– Tô cansado. Não aguento mais. Dá para desistir?


O drama não comoveu a mãe.


– Desistir é para os fracos! – exclamou ela, aproveitando para dissertar sobre a importância de se manterem as combinações e os compromissos até o fim.


Com a súbita diminuição de opções para os momentos de lazer, os irmãos se esforçaram para pensar em um passeio interessante para o domingo. Empolgaram-se com a possibilidade de visitar o zoológico e o Jardim Botânico, mas esbarraram nos portões fechados devido à realização do primeiro turno da eleição. O pleito, a propósito, motivou José Germano a tentar burlar a dieta forçada de estímulos sonoros e visuais – encerrada a votação, o menino estava ansioso para conhecer o desempenho dos candidatos a governador. Escondeu-se atrás de um sofá e tentou espiar a televisão, onde os pais assistiam ao Fantástico.


– Nós vamos fazer um protesto – ameaçou o primogênito, angustiado com os vetos.

Maria Júlia se alvoroçou com a ideia de confeccionar cartazes para manifestar a indignação da dupla, mas o ímpeto revolucionário não resistiu por muito tempo. Leram livros e, antes de dormir, aplaudiram o término da provação. Na manhã seguinte, José Germano procurou a TV logo ao acordar.


– Eles chegaram ao ápice da impaciência. Não foi fácil, mas foi tranquilo. Exigiu da gente, os pais, bem mais do que o normal, ficamos mais cansados. Os eletrônicos são uma saída fácil para que eles se acomodem – comenta Caroline.

Na residência do industrial André, e da arquiteta Adriane Buneder, as restrições proporcionaram um contato mais próximo entre os irmãos. Entusiastas do jogo Minecraft, os gêmeos Arthur e Henrique, seis anos, e João Vitor, nove, abandonaram os tablets e improvisaram um banda – com teclado, cavaquinho e violão – e envolveram toda a família na encenação de um serviço de telentrega. Durante o período desconectado, registrou-se apenas uma violação ao desafio, também motivada pelas eleições.


– Mas foi por um motivo importante – alega João Vitor, que acompanhou parte da apuração com a concordância de André e Adriane.


Apesar de provocar um vultoso aumento da bagunça, a experiência foi bem avaliada pelos cinco.


– Achei eles mais calmos na segunda-feira. Revivi um pouco a minha infância ao inventar brincadeiras. Acho que vou adotar nova abstinência em algum momento – planeja a mãe.


Confira o relato das famílias que aceitaram o desafio:


Família Deon


Como foi o final de semana: “Dá mais trabalho para a gente mantê-los afastados dos eletrônicos, mas a falta disso faz eles terem mais vontade de fazer coisas saudáveis”, avalia Caroline. “Foi extremamente positivo, mas o ideal é a conciliação”, acredita Vanderlei.


Melhor momento: a visita dos amigos e o churrasco preparado pelo avô.


Pior momento: pedido para desistir do desafio no domingo à noite, quando todos já estavam muito cansados dos dois dias repletos de atividades.


Uma surpresa: oito crianças em plena interação, sem lamentar a ausência de eletrônicos.


Um erro: faltou planejamento para o final do domingo.


Família Buneder


Como foi o final de semana: “Muito bom. Queremos repetir”, planeja Adriane.


Melhor momento: a brincadeira de telentrega, inventada pelos três irmãos, em conjunto.


Pior momento: a bagunça generalizada, constatada no domingo à noite.


Uma surpresa: a convivência intensa de pais e filhos e a interação mais tranquila entre os guris, com número de desentendimentos abaixo da média.


Um erro: nenhum. Tudo funcionou muito bem.


* Zero Hora


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