top of page

Sobre

Foi ministrando aulas sobre moral e ética que comecei a refletir um pouco mais sobre como recebemos e transformamos nossos valores. Afinal, por que classificamos determinadas situações, pessoas ou atitudes, por exemplo, como certas, erradas, boas, más, feias, bonitas, sagradas ou profanas? Há 100 anos talvez a resposta fosse mais simples. De maneira bem geral, poderíamos citar instituições como a família, a escola, a igreja e a sociedade, que teriam a função de transmitir esses valores. Mas eis que surge a mídia, com suas facetas multiplicáveis, cada vez mais aliada a um sistema que, ao defender o livre mercado, parece também defender de forma velada que “pouco importa a ética quando podemos criar algo que nos trará lucros”. Se preciso for, até a “sagrada ciência” é utilizada para fundamentar suas atrocidades mercantis.

 

Em meados do século XX uma série de pensadores, sobretudo alemães, refletiu, em maior ou menor grau, sobre o impacto da mídia na sociedade, nas relações humanas ou mesmo na vida privada. O objetivo desse blog é continuarmos pensando sobre a mídia, porém, mais especificamente sobre os impactos da utilização excessiva da mídia na infância. Procurarei escrever sobre o tema, mas também colocarei textos de outras fontes caso eles estejam relacionados ao tema.  O nome "Menos telas, mais janelas", sugere que no nosso dia-a-dia nos desconectemos um pouco do mundo virtual para pensar sobre o mundo real e, sobretudo, vivê-lo.

 

Há quem defenda com unhas e dentes a manutenção de um sistema que exige de nós uma vida que nunca tínhamos sonhado em ter. Há um medo irracional de pensar, criticar, refletir e concluir que pelo menos algumas coisas (talvez muitas mesmo) precisam ser mudadas, porque do jeito que está não está bom. Pais e mães que dedicam a maior parte do tempo em que estão acordados ao trabalho exaustivo que, por vezes, até levado para casa é. Isso tudo para que a comida no prato seja garantida ou mesmo para garantir o conforto a mais que a loja x está oferecendo por um “preço justo”.  Menos contato com os filhos, menos preparo de comidas saudáveis, menos tempo para músicas, livros e passeios ao ar livre; mais sentimento de culpa, mais televisão, tablets, smartphones, propagandas de brinquedos, mais compensação em coisas materiais, mais filhos crescendo com menos atenção e carinho, mais frustrados e infelizes.

 

Não sou do tipo que responsabiliza apenas os pais por isso. Os pais são vítimas tanto quanto os filhos. Vamos nos inserindo no mundo do trabalho e fazendo tudo o que ele exige de nós até que fiquemos com as forças esgotadas. Quem tem tempo de pensar, estudar, refletir sobre quão absurda é a nossa situação? Apenas aceitamos e continuamos. Para a alegria de quem nos controla, apenas nos resignamos: “é assim mesmo”. Mas não é, não. A possibilidade de mudança e transformação é real, ela existe, mas depende de nós.

 

 

Débora Figueiredo.

 

 

Da janela lateral do quarto de dormir...

bottom of page